Iniciação/Avaliar

Benefícios fundamentais de mapas mentais

O que você pode obter usando mapas mentais

Sua motivação para usar um recurso resulta basicamente de enxergar benefícios decorrentes do uso e também vantagens, isto é, benefícios relativos. Mapas mentais são um recurso, e convém portanto conhecer seus benefícios.

Aqui mostramos como mapas mentais podem agregar valor não só ao que você faz como também a como você pensa o que faz.

Introdução: limitando um escopo grande

Quando tomamos uma decisão, os benefícios são um fator crítico, por darem origem à motivação, aos porquês de fazermos algo. E quando se busca os benefícios de alguma coisa, pode haver muito a considerar:

  • Pode haver benefícios diretos e indiretos.
  • Pode haver desdobramentos, um benefício leva a outro como decorrência.
  • O benefício pode ser relativo, isto é, em comparação com outra coisa, quando então se chama vantagem.

Considerando que certas mudanças resultam em um efeito borboleta, um único benefício pode ter um longo horizonte de impactos no tempo e no espaço. Também pode haver benefícios materiais, de pensamento e emocionais.

Muitas vezes o que se faz tem custos, como por exemplo de tempo, de esforço e financeiros; pode então ser avaliada a relação custo-benefício (RCB).

Em função de tantas possibilidades, o escopo deste artigo foi limitado aos benefícios de mapas mentais que considero mais diretos, mais nucleares, mais fundamentais.

Visualização da estrutura

Imagine que você está querendo construir a casa dos seus sonhos. O que você faz primeiro é identificar necessidades, conveniências, confortos, desejos, talvez até um luxo ou outro. O próximo passo é, se você não delegar, esboçar a estrutura da casa, na forma de uma planta baixa.

https://chaledemadeira.com

Você terá que conversar com alguém sobre o projeto, seja com quem mais vai morar na casa, seja com quem vai construí-la. Pergunto: como seria conversar sobre a casa sem a planta? Verifique isso tentando descrever em palavras sua residência atual. Irá começar com algo como “quatro quartos sendo duas suítes, duas salas, copa, cozinha...”. Você até vai conseguir informar a estrutura, tipo quantos e quais cômodos, mas, quando chegar na organização dos cômodos e nos detalhes, terá dificuldades e pode ainda ser mesmo impraticável.

Em outro contexto: como passaríamos sem mapas rodoviários? E se tivéssemos as rodovias e cidades descritas somente em linguagem comum, ou seja, prosa?

Ao observar um mapa rodoviário, podemos descobrir rapidamente quais cidades existem, onde estão e quais os possíveis caminhos entre elas. Um mapa nos informa rapidamente o que existe em de um território e como as coisas estão dispostas em relação às outras. Aqui também, como na planta baixa, temos estrutura e organização.

Modelos visuais da estrutura

Plantas e mapas têm um papel importante para representar informação: eles nos mostram visualmente a estrutura de imóveis. Em outras palavras, eles constituem modelos visuais da estrutura de imóveis.

Um modelo visual da estrutura tem o papel e função fundamental de guiar a observação. Por exemplo, ao observar a planta baixa de uma casa, identificamos os cômodos e então podemos nos concentrar em um cômodo de cada vez. A partir dessa estrutura, podemos aplicar o dividir-para-conquistar e é muito mais fácil manter a concentração devido ao suporte visual.

Um modelo visual da estrutura possibilita estruturarmos nossa observação e facilita nossa concentração.

Conhecendo a estrutura, também podemos registrar informações na memória de forma estruturada e isso facilita a recuperação das informações, vulgarmente chamado de lembrar.

Por exemplo, o que tem na cozinha da sua casa? Você primeiro pensou/se lembrou da cozinha e deu uma “espiada” – observou-a na sua mente -, encontrando no mínimo fogão, pia, armários. E dentro de um armário, o que há lá? Agora você focou o armário, o “abriu” e olhou o que tem nele.

Note os níveis estruturais: a casa, dentro desta a cozinha, dentro desta o armário, dentro deste compartimentos. A estrutura primeiro guia a memorização, depois guia a recuperação. Tudo que você quer para lidar com muitas informações é uma estrutura modelada visualmente!

Um modelo visual da estrutura facilita a memorização e portanto a lembrança.

Aprender muitas vezes consiste em associar, “encaixar” novas informações no que já está aprendido, mas onde fazer isso nem sempre fica claro. Com uma estrutura visualmente explícita, essas novas associações podem ser feitas rapidamente no local apropriado.

A figura que representa o modelo da estrutura pode estar em papel, em tela ou somente na mente. Se você a tiver memorizada, não precisa de apoio externo, ao qual temos que recorrer somente para relembrar as partes que não estivermos nos lembrando.

Visualizando a estrutura, como no caso de uma planta, podemos rapidamente lembrar do que sabemos sobre o todo e seus componentes. Recuperando informações, podemos fazer avaliações, tomar decisões, enfim, podemos pensar sobre o objeto modelado, podemos pensar sobre um componente ao mesmo tempo em que mantemos sua relação com outros componentes e o todo.

Um modelo visual da estrutura aumenta a potência do pensamento sobre o que está modelado.

Aplicação a mapas mentais

Mapas mentais fazem esse papel de modelo visual de uma estrutura, no caso estrutura de informações e conhecimentos, e assim apoiam a observação e a concentração, facilitam a memorização e a lembrança e aumentam a potência do pensamento relacionado ao conteúdo mapeado.

Isso se aplica quando o mapa mental tem tópicos “enxutos”, sintéticos e que contêm apenas uma ideia; tópicos discursivos e com múltiplas ideias prejudicam esses efeitos. Um dos critérios para a qualidade de um mapa mental é justamente ter uma ideia por tópico.

Se você tem um mapa mental, tem uma estrutura para abrigar novas informações. Se tem uma nova informação, simplesmente vai buscar de qual tópico ela será subtópico. Se não encontrar, uma possibilidade é que a estrutura do mapa mental esteja incompleta e precisa ser aprimorada.

Esses benefícios não derivam somente do fato de haver um mapa mental sobre um conteúdo. Assim como em textos, a qualidade da organização das ideias vai determinar se o leitor irá experimentar clareza ou confusão em alguma medida.

Lembrança estruturada e organizada

Pense em alguma viagem memorável que fez.

Agora lembre-se de algo particularmente interessante dessa viagem.

Antes que eu solicitasse, você não tinha em mente essas lembranças, certo? Para atender ao que pedi, você teve que acessar sua memória e recuperar, “trazer” as lembranças.

O fato é que nosso pensamento processa informações ativas na mente, de forma análoga ao computador, que requer que as informações estejam na memória de trabalho, a RAM; informações no HD ou em outro recurso de armazenamento permanente não podem ser processadas diretamente.

Sobre essa característica, dizemos que o pensamento processa informações presentes. Há tempos vi uma frase que dizia “O que você sabe é o que você lembra na ocasião”; ela expressa o fato de que podemos ter uma informação disponível na memória mas ainda há o passo adicional de ativá-la para que possa ser usada.

O pensamento processa informações presentes.

E uma das formas de nossa memória funcionar é através de estímulos, análogos a “chave de pesquisa”, a que chamamos de pistas. Acima, pedi uma “viagem memorável”. Se a pista fosse “encontro marcante” ou “uma experiência de prazer intenso”, o resultado seria outro.

A propósito, para entender a linguagem, precisamos descobrir o significado das palavras, e fazemos isso recuperando conteúdo da memória; você possivelmente se lembrou de um encontro marcante ou uma experiência de prazer intenso apenas para montar um significado para a frase anterior – e desta, claro.

Aplicação a mapas mentais

Um mapa mental atua também como estímulo para recuperar e tornar presentes informações. Tendo o mapa mental uma estrutura, essas informações estarão associadas conforme essa estrutura.

Um mapa mental estimula a recuperação organizada de conteúdo da memória.

Assim, cada vez que você observar um mapa mental, sua memória será acessada e informações serão recuperadas e organizadas segundo a estrutura desse mapa mental. Se a imagem do mapa mental por sua vez estiver memorizada, então você não precisará do diagrama físico para essa finalidade.

Visão do todo

Já ouvi falar de mulheres que olham seu rosto no espelho, notam que há uma espinha e se sentem “feias”. Verdade ou não, isso ilustra algo que pode ocorrer na percepção: foca algo muito específico enquanto perde a visão do todo. Se uma mulher com uma espinha olhasse o todo, poderia perceber que a espinha é um fragmento no todo do rosto, que é um componente do todo do corpo e isso mostraria que uma espinha por si não tem tanto impacto na estética

Ocasionalmente podemos estar focando apenas uma parte de um todo, assim como quem está no escuro e só tem uma lanterna para enxergar. Um caso bem ilustrativo foi o de uma senhora que entrou no apartamento da filha e foi logo dizendo: “Que sala escura, troca de apartamento!”

Aplicação a mapas mentais

Com um mapa mental que represente um todo, podemos dedicar atenção a uma parte, mas conscientes do todo a que a parte pertence. Nesse caso, preferimos, ao invés de foco, dizer que estamos enfatizando a parte. Isso é análogo a, olhando a planta de uma casa e dedicando atenção a/enfatizando um cômodo, manter em mente o todo da casa.

Mapas mentais estimulam e propiciam a visão do todo.

Estabilidade e qualidade do planejamento

Tudo que fazemos intencionalmente tem um plano por trás, as ações são pensadas previamente. Podemos não por esse plano no papel ou em um aplicativo, podemos não ter todos os detalhes e sequer podemos ter consciência de que estamos pensando o plano, mas ele necessariamente tem que ser criado e mantido.

Se isso ainda não estiver suficientemente claro para você, faça um pequeno exercício. Suponha que você vai mudar de residência e decidiu levar tudo que tem, como faria? É relativamente fácil pré-estruturar um plano básico, não? Caixas, um frete ou outro transporte, arrumação... Talvez você tenha até reagido ao que imaginou; realmente, mudar é chato mesmo, exceto pela parte boa após sua conclusão.

E todo plano envolve estrutura, seja de produtos, seja de atividades. Se você vai viajar, terá origem, destino e meio de transporte. Se vai construir, a primeira estrutura é a planta baixa; o segundo nível é o que terá cada cômodo. Se você vai ensinar regularmente, terá um conteúdo programático como estrutura para o conteúdo e uma estrutura de aulas para as atividades. Se vai escrever um livro, sua obra terá partes, capítulos, seções, apêndices.

(http://gardenplansfree.com/animals/dog-house-plans-free)

Os primeiros níveis de uma estrutura são cruciais para a estabilidade do que vamos fazer. Por exemplo, inclua ou remova um capítulo no meio de um livro já bem andado e terá que reescrever boa parte do resto. De fato, o nível nem precisa ser superior. Por exemplo, em uma casa em construção, aumente apenas um centímetro em uma janela já instalada; quais os impactos?

Aplicação a mapas mentais

A estrutura de produtos de informação e de outros tipos é frequentemente hierárquica e assim pode ser trabalhada em um mapa mental. Com a agilidade de fazer isso em aplicativo, podemos trabalhar e estabilizar toda a estrutura antes de iniciar o desenvolvimento, minimizando assim a probabilidade de haver retrabalho.

“Probabilidade”, sim, porque, embora a estruturação seja uma das primeiras atividades, suas primeiras versões ainda não têm feedbacks da experiência, e é bem provável que haja mudanças decorrentes de aprofundamento. Paciência, é assim que são as coisas quando se prioriza a qualidade.

Trabalhar estruturas em mapas mentais agiliza o trabalho e minimiza retrabalho.

Produtividade da colaboração

Quando trabalhamos em colaboração ou parceria, é muito importante sabermos onde convergimos e em que divergimos. Quando um conteúdo está estruturado, é muito mais fácil identificarmos esses pontos e de forma bem específica.

Para sustentar melhor essas afirmações em seu pensamento, compare esses cenários para a definição de uma casa por duas ou mais pessoas:

  • somente conversando
  • com um documento de texto
  • com uma planta

Aplicação a mapas mentais

Quando fiz meu primeiro aplicativo de mapas mentais, fiz um serviço para um familiar, americano, consultor de mineração. Ele gostou muito do recurso e passou a usá-lo em reuniões de planejamento de parada de fornos, muitíssimo complexa. A duração das reuniões caiu bastante e os resultados em geral foram tão bons que uma empresa à qual ele prestou serviços comprou 10 licenças do aplicativo.

Mapas mentais, sendo estruturados, facilitam sobremaneira a identificação de pontos de convergência e divergência. E, feitos em aplicativo, temos então um cenário de alta produtividade.

Possíveis benefícios emocionais

Emoções são altamente subjetivas, o que dificulta ser específico com relação ao que pode ocorrer com alguém que passe a usar mapas mentais. Inclusive tem gente que nem sente emoções e sentimentos a respeito de coisas técnicas, seja fazer uma redação, dirigir automóveis ou usar uma ferramenta

Vamos então comentar algumas possibilidades que sirvam de pontos de partida para que você mesmo possa avaliar o que pode acontecer emocionalmente com você – ou deixar de acontecer.

Reação à confusão

Uma sensação muito comum é a de confusão ou falta de clareza. Um possível fator causal dessa sensação é a desorganização de ideias; há ideias mas suas relações não estão bem definidas ou estabelecidas.

Um mapa mental pode funcionar como um recurso produtivo para obtermos melhor organização: colocamos as ideias em tópicos, a princípio sem organização, e depois buscamos a melhor estrutura, que vai então basear para o organização (um lugar para cada coisa, cada coisa em seu lugar). Pela minha experiência, fazer isso em uma ferramenta estruturada é bem mais fácil do que fazer isso em um texto, porque a estrutura fica representada visualmente.

Confusão a princípio é uma sensação mental, não uma emoção, mas uma pessoa pode ter uma reação emocional à sensação, como por exemplo um leve pânico, o que não só não contribui como agrava a situação. Dispor de um recurso para buscar qualidade de organização põe a pessoa mais no caminho da objetividade e menos na rota da emoção.

Medo

Uma pessoa, diante de uma tarefa que considere difícil, pode sentir algum tipo de medo, como o de não conseguir. Mais especificamente, o medo se refere às consequências de não dar conta. É como o dito medo de altura; não é precisamente a altura que as pessoas temem, mas do que pode ocorrer se elas caírem.

Um bom teste dessa afirmação é um experimento mental. Imagine-se caminhando sobre uma tábua fina a 10 centímetros de altura. Tranquilo?

Agora imagine que essa tábua está a 10 metros de altura. Para tornar o cenário mais bonito, imagine que a tábua está sobre dois montes bem altos, lá embaixo uma cachoeira. Medo? Pavor? Cuidado, entrar em pânico aumenta o risco de queda!

No último cenário, acrescente uma corda de segurança e veja o que acontece com o que você sente.

Uma ferramenta, como mapas mentais, expande nossa capacidade. Se temos uma tarefa que parece difícil mas sabemos que temos recursos para nos auxiliar a pensar e a trabalhar, isso nos deixará mais confiantes, não exatamente com a certeza de que daremos conta, mas que temos como buscar fazer a tarefa com maior probabilidade de ter sucesso em alguma medida.

Claro, também conta o domínio que temos da ferramenta: quanto mais sabemos usá-la, mais capazes seremos de fazer coisas com ela.

Sobrecarga

Boa parte do nosso pensamento é processada subconscientemente ou inconscientemente. Por exemplo, você está lendo isto fluentemente porque a interpretação e a montagem dos significados estão sendo feitas automaticamente ou, como prefiro, espontaneamente.

Isso é possível porque você aprendeu/treinou como fazer isso, algo muito complexo e que levou anos para ser dominado a esse nível. Para minha própria referência, considero que a parte consciente é apenas uns 5% do que faço, todo o resto é subconsciente.

Alguns aprendizados vão direto para o subconsciente, sem participação consciente, como no caso de bebês e crianças. Quando há essa participação consciente, há uma etapa de fixação do aprendizado, que então se torna disponível para uso.

Temos uma capacidade limitada para processar informações conscientemente. Quando somos expostos a muitas novas informações de uma vez, podemos ter a sensação de sobrecarga, isto é, não estamos conseguindo processar o que já temos, muito menos absorver mais coisas novas.

(https://www.opencolleges.edu.au)

Para podermos prosseguir, as novas informações devem se tornar subconscientes de forma que fiquem acessíveis e disponíveis para uso. Uma forma de fazer isso é simplesmente se desconectar do conteúdo em questão, permitindo que o cérebro processe as novas informações. No contexto da criatividade, essa etapa é chamada de incubação e é feita intencionalmente.

Uma forma de conseguir processar mais informações conscientemente é ter uma estrutura para elas. Se a estrutura tiver um modelo visual, melhor ainda. Note que isso decorre diretamente do que dissemos acima sobre visualização da estrutura.

Sendo mapas mentais basicamente modelos de estrutura, eles podem auxiliar em casos de sobrecarga. Por exemplo, um professor que ensine com o apoio de mapas mentais está contribuindo para prevenir sobrecargas nos seus alunos.