CAPACITAÇÃO:
SUMARIZAÇÃO
Redução de texto
Possibilidades para aumentar a produtividade da leitura e utilizar
melhor o espaço
Uma mesma idéia pode ser representada de várias maneiras
diferentes. Se em formato textual, também pode haver várias opções. Em mapas
mentais, usar representações mais curtas é interessante tanto para facilitar a
leitura quanto para reduzir as dimensões do mapa mental. Este artigo descreve e
exemplifica várias possibilidades para essa redução.
Nota: Os mapas mentais que ilustram esta matéria têm finalidades
didáticas e não constituem necessariamente exemplos de bons mapas mentais.
Por Virgílio Vasconcelos Vilela
Desenvolvedor do EasyMapper - Editor e webmaster dos sites www.MapasMentais.com.br,
www.MindMapShop.com.br,
www.Possibilidades.com.br
- Autor do e-livro Modelos e Métodos para Usar Mapas Mentais.
Contato:
virgiliovv@uol.com.br
Introdução
Eliminação
Substituição
Quando reduzir - ou não
Sumário
Síntese
Indo além
Introdução
Caso 1
Uma escola particular de São Paulo ia por uma placa de 6x2
metros em sua fachada. Do lado direito, em destaque, a mensagem
“Participe de uma palestra gratuita”
Após, vinha um número de telefone.
Considere que a mensagem fosse grafada como:
“Palestra gratuita”
A retirada de “participe de uma” implicou em perda de
significado? Neste caso a redução é particularmente importante, porque o
público-alvo principal da placa era de motoristas, e ter três palavras a mais no
início pode significar que muitos motoristas não conseguirão ler toda a mensagem.
Caso 2
Uma frase no início de um filme de TV por assinatura dizia:
“Pode ser usado Dolby se estiver disponível”.
Considere se haveria perda de significado se a frase fosse:
“Pode ser usado Dolby se disponível”.
E se fosse:
“Dolby disponível”?
Esses são exemplos de situações em que a representação em
palavras de algo pôde ser reduzida sem perda de representatividade. Isso se
aplica também a mapas mentais. Observe o mapa mental a seguir; note quantas
vezes é repetido o termo “caso de uso”.

O tamanho da representação, medido pela quantidade de
palavras e pelas dimensões do texto em si, é importante, porque:
- Quanto maior o texto, maior o tempo de leitura.
- Quanto maior o texto, mais espaço será ocupado. Isto
pode aumentar as dimensões do mapa mental, o que por sua vez pode impactar a
diagramação: alguns milímetros a mais podem aumentar a quantidade de páginas
impressas ou fazer com que o mapa mental não caiba em um slide. E se você
reduzir o tamanho das fontes, o texto pode ficar ilegível.
Como tantas outras coisas, a importância desses detalhes é contextual,
isto é, em algumas situações será irrelevante e em outras será crítica. Quanto
mais mapas mentais você faz, maior a chance de que aconteça. E quanto
acontecer, será melhor que você tenha boas opções para lidar com a questão.
O objetivo deste artigo é mostrar opções para redução de
texto sem perda de representatividade.
Eliminação
Como no exemplo acima sobre Dolby disponível, em muitos casos será possível reduzir o texto simplesmente
pela remoção de palavras. Os candidatos mais imediatos são artigos e
preposições. Outras possibilidades envolvem palavras repetidas e termos que
podem ficar implícitos.
Note que o que permite a eliminação de certos elementos lingüísticos
é o fato de que o estilo do texto de mapas mentais é diferente do estilo dos
textos discursivos: em mapas mentais busca-se a síntese, a concisão, a
representação da mensagem com a menor quantidade possível de símbolos.
Artigos e preposições
"Motivou a construção de Tucuruí" -> "Motivou
construção de Tucuruí"
"Avaliar os
resultados" -> "Avaliar resultados"
"As fronteiras do
sistema" -> "fronteiras do sistema"
Um exemplo mais amplo. No lado esquerdo temos um trecho de um
mapa mental. Do lado direito, o mesmo trecho as preposições eliminadas. Avalie
se houve perda de significado.
princípios
da personalidade
da autonomia da
vontade
da liberdade de
estipulação negocial
da propriedade
individual
da
intangibilidade familiar
da legitimidade
da herança e do direito de testar
da solidariedade
social
|
princípios
personalidade
autonomia da
vontade
liberdade de
estipulação negocial
propriedade
individual
intangibilidade familiar
legitimidade
da herança e direito de testar
solidariedade
social
|
Termos repetidos
"O que será tratado pelo sistema e
o que será tratado fora dele" -> "O que
será tratado pelo sistema e fora dele"
"Extrair o comportamento dos casos de uso que precisam
ser considerados casos de uso abstratos"
-> "Extrair o comportamento dos casos de uso que precisam ser
considerados abstratos"
Termos que podem ficar implícitos
"Produção de alumínio é feita
por
eletrólise" -> "Produção de alumínio por eletrólise"
"Motivou construção de
Tucuruí" -> "Motivou Tucuruí"
Termos redundantes
Uma das características de mapas mentais é que um tópico
define um contexto de compreensão de seus subtópicos. Por exemplo, se um tópico
"Contas" tem o subtópico "telefone", fica implícito que
"telefone" representa uma conta de telefone. Essa é inclusive uma das
formas de sintetizar as representações. Repetir idéias já implícitas no
contexto é aumentar o texto desnecessariamente.
Veja no mapa mental abaixo que o tópico central define que o
contexto do mapa mental é "detalhamento de casos de uso". Agora note
quantas vezes o termos "caso de uso" foi usado nos subtópicos. Todas
as ocorrências de "caso de uso" nos subtópicos podem ser removidas.

Pontuação e outros sinais
Não há necessidade de se usar pontos finais em tópicos,
porque a formatação do tópico indica seus limites. Eventualmente nem será
proposital; o ponto estará ali a partir da cópia do texto de outro documento.
Mas a pontuação estará ocupando espaço e uma rápida revisão garante sua
ausência..
Também hífens e marcadores, comumente usados em slides, não
são necessários em um mapa mental, por razão semelhante: os tópicos são bem
definidos no espaço e isso caracteriza a estrutura das idéias representadas no
mapa mental.
Por exemplo, compare os dois mapas mentais abaixo e veja se
você nota algum diferencial positivo de se usar pontuação:

Certos sinais não poderão ser excluídos sem perda de
significado, como exclamação e interrogação no final do texto ou
ponto-e-vírgula no meio. A afirmação já contém o critério: se houver perda de
significado, melhor preservar.
Por vezes usamos sinais para definir o tipo de informação,
como "exemplos entre aspas". Isso evita um nível de tópicos adicional
chamado de "Exemplos". Em alguns casos pode-se deixar para o leitor
apreender sozinho o tipo de informação e retirar as aspas. No mapa mental se
sumário deste artigo (abaixo) foi aplicado este critério; você pode
avaliar por ele se houve algum impacto relevante.
A propósito, o EasyMapper tem um recurso para remover pontuação
automaticamente (menu Ferramentas/Limpar texto).
Quando não eliminar pode ser a melhor opção
Uma regra é algo genérico. Algumas vezes, aplicar uma regra
automaticamente, sem levar em conta as peculiaridades do contexto, pode
resultar em inadequação ou desvantagem. Por exemplo, convém obedecer aos
semáforos, isso é parte da organização do trânsito e nâo observar essa regra
pode resultar em problemas. Mas parar em um sinal vermelho às 3 da manhã,
com boa visibilidade e sem pedestres ou veículos à vista não só não traz
vantagens como pode envolver riscos.
Isso se aplica à eliminação de termos. Veja que nos exemplos
abaixo houve algumas eliminações:
"capacidade escolha"
"traços personalidade"
"medo assumir controle da vida"
"dono verdade"
A melhor diretriz aqui é: se o leitor tiver que fazer alguma
parada no fluxo de leitura para entender o texto, melhor não eliminar. Ou seja,
a aplicação da regra depende do público-alvo, seja de outras pessoas, seja você
mesmo no futuro.
Substituição
Não há uma só maneira de representar uma idéia, fato indicado
por exemplo pelos sinônimos. Veja aqui opções de redução de texto pela sua
substituição por sinônimos ou termos equivalentes - menores, é claro.
Sinônimos
Uma maneira de reduzir o texto é trocar um termo por um
sinônimo menor. Por exemplo, para descrever uma pessoa que costumeiramente fala
a verdade; veja algumas possibilidades:
verdadeira, franca,
sincera, honesta, autêntica
Talvez você ache mais alguma. Outros exemplos:
mas, porém, entretanto, todavia, no entanto, contudo
acontecimento, evento, fato, ocorrência, ocorrido
estratégia, tática
enxergar, ver
objetivo, propósito, intenção, querer, vontade, pretensão
palavra, termo, vocábulo
precisar, dever, necessitar, ter que
fundamentos, bases
Em alguns casos os significados são próximos, e a
possibilidade de substituição dependerá do contexto.
Note que o discurso tradicional por vezes requer que evitemos
a repetição de palavras por motivos estilísticos. Por exemplo, se você em um
texto conclui muito, vai usar "portanto" aqui, "assim" ali
e"desta forma"acolá. Mas em mapas mentais em geral a precisão da
comunicação e a produtividade da leitura são mais importantes que o estilo, e
ninguém vai julgar eventuais repetições.
Termos equivalentes
Certas expressões podem ser substituídas por equivalentes
menores:
- "de acordo com" -> "conforme"
- "quais problemas precisam ser resolvidos ->
"problemas a serem resolvidos" -.> "problemas a
resolver"
- "passar por" (mudança) -> "sofrer"
- "obter acesso" -> "acessar"
- "formular a descrição" ->
"descrever"
Abreviações e abreviaturas
Abreviaturas podem ajudar bastante na economia de espaço,
desde que usadas com critério e levando-se em conta o perfil do leitor. Mesmo
se o mapa mental é somente para uso pessoal, considere que você pode estar
lendo-o após várias semanas ou meses, e o contexto original de pensamento pode
não estar mais disponível, isto, é você pode já ter se esquecido de várias
coisas necessárias para compreender o que escreveu. Opções dentro desta linha:
Abreviaturas de uso comum
OK
TV
Refri
FHC
Abreviaturas não-ambíguas no contexto
Se você está em um meio cultural bem definido, pode usar
abreviaturas típicas do meio com segurança, como as abaixo..
MM (contexto de mapas mentais)
CF, DL, MP (Constituição Federal, Decreto-lei, Medida
Provisória no contexto de Direito)
UC (de "use case" - caso de uso no contexto de
análise de sistemas)
Abreviaturas informais
Outra opção para melhorar a produtividade da edição e ganhar
espaço é usar abreviaturas informais, como as abaixo, que lembram a linguagem
dos bate-papos da internet.
q - que
pq - porque
p/ - para
s/ - sem
+ - mais
2+ - dois ou mais
vc - você
$ - dinheiro
ñ - não
Abreviaturas possivelmente arriscadas
e.g. ("exempli gratia" - por exemplo)
PDV (Plano de Demissão Voluntária) - tem outros nomes e
siglas em outros contextos.
Iniciais de pessoa, como PFS (Paula Fernandes de Souza).
O uso indiscriminado e sem critério de abreviações
pode dificultar a leitura; quando o leitor não apreende o significado no ritmo
normal de leitura, ele é obrigado a dedicar um tempo adicional para achar o
significado. Por exemplo, note a pausa que você faz para entender o texto
abaixo:
"Falar descontrol."
Se isso ocorrer com freqüência, a experiência de quem lê será
de uma leitura truncada, que não flui. Veja quantas dessas interrupções no
fluxo de leitura você tem que fazer para ler o seguinte mapa mental:
Um outro aspecto é a consistência: se uma
abreviatura for usada, melhor que o seja usada em todas as oportunidades, sob
pena de dar margem a dúvidas quanto aos significados. Veja por exemplo que no
mapa mental acima que em um tópico é usado "sem" e em outro "s/". Também duas palavras foram
abreviadas duas vezes cada uma, de maneiras diferentes (bem, temos quase
certeza de que se referem às mesmas palavras):
- "ex" e "exc" no ramo superior (parecem
significar "exercício").
- "Partic." e "Partc." no último ramo
Entre parênteses: os americanos usam algumas abreviaturas
muito práticas, como ASAP (as soon as possible - tão rapidamente quanto
possível) e ETA (Estimated Time to Arrival - tempo estimado para a chegada).
Para certos públicos, usar tais abreviaturas será conveniente, para outros
impraticável e até arriscado. Bem, você ainda tem a opção de tentar introduzir
tais siglas na cultura local, como "TRQP" (Tão Rapidamente Quanto
Possível).
Quando reduzir - ou não
Tudo que escrevemos é símbolo, que será interpretado quando
lido. Certos símbolos têm mais de um significado, como "peça" ou
"organização", e nesse caso o leitor precisará recorrer ao contexto
para descobrir qual é o significado. Por exemplo, o que alguém quer dizer com
"minha organização"?
Há um tempo entre a leitura e a compreensão do símbolo, que
depende daquele símbolo estar bem instalado na mente do leitor e com seu
significado rapidamente acessível. Quando mais acostumado o leitor estiver com
o símbolo, mais rapidamente irá interpretá-lo. Se houver muitos símbolos ao
qual o leitor não está acostumado, o tempo que ele gastará na interpretação
será significativo.
Assim, você pode usar como critério geral o público-alvo e
seus conhecimentos. Se o público for apenas você mesmo, você terá mais opções
para reduzir o texto. Se houver outros possíveis públicos, os riscos ao reduzir
serão maiores. Claro, sem mencionar o risco de você fazer um mapa mental para
uso pessoal e depois descobrir que ele será usado por outras pessoas.
Sumário

Síntese
Sintetizamos o conteúdo descrito acima como uma diretriz,
que consideramos que é algo que deve ser praticado por todo mapeador mental, e
não só no contexto de mapas mentais.
"Se uma idéia será representada como linguagem, buscar a menor
quantidade possível de palavras"
Indo além
Várias das possibilidades apresentadas naturalmente podem ser
aplicadas a falas, tanto as que você escuta quanto as que você emite.
Os resultados de reduzir a representação lingüística de idéias
podem extrapolar a simples otimização. Por exemplo, um slogan pintado em um carro de empresa
dizia:
"Total preocupação com o seu bem-estar dentro e fora
de casa"
Considere que o slogan fosse:
"Seu bem-estar dentro e fora de casa"
No nosso entendimento, além da mensagem ter ficado mais curta
e assim mais adequada para um slogan, ficou melhor no sentido de que o leitor, ao interpretar o texto, não
terá pensamentos envolvendo "preocupação", muito menos "total", apenas bem-estar.
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